domingo, 13 de agosto de 2017

No caminho a caminhar: Barcelona

O Lagarto da entrada do Park Güell
Então, na última etapa da nossa cruzada hispânica, aportamos em Barcelona. Na realidade, a cidade não estava no programa inicial, em que pensávamos em entrar na Europa por Madrid e depois ir a Salamanca. Como já sabem, entramos por Lisboa e teríamos que voltar por lá. Então, no meio dos preparativos, me lembrei de que quando Luiza era pequenina, nós assistíamos à tarde um desenho espanhol na TV Cultura, As Trigêmeas (Les tres Bessones, no original catalão). Numa das aventuras das três meninas com a Bruxonilda, elas contavam a história das obras de Antonio Gaudi. Achei ótimo o desenho, mas, acabei esquecendo. Nos últimos meses, trabalhei com afinco num projeto de um curso de Arquitetura para a AESGA, o que me custou muita pesquisa. Por ter que aprender alguma coisa que não faz parte da minha área, desenterrei Gaudi da minha memória. Como prêmio ao projeto quase aprovado, decidi incluir Barcelona no nosso caminho, conhecida primeiro pela obra inovadora do arquiteto catalão, do que pelo o time de futebol.

Paisagem no caminho para Barcelona.
Saímos de Madrid pelas  11h40 do domingo, da estação de Puerta Atocha. Sobre a estação, uma nota: infelizmente, eu estava tão agoniada em encontrar o balcão onde vendia os tickets e providenciar nossa saída da capital, que não fiz nenhuma foto da estação, que tem um lindo jardim interno com árvores crescidas, muitas plantas, flores e banquinhos. Fomos atendidos por um senhora gorda e enfadada num guichê de fila única. Deixei Luiza com as malas e fui comprar os tickets, e essa foi uma péssima opção, pois eu preferi falar inglês e quando a mulher me respondia, eu mal entendia. Se perguntasse novamente, ela revirava os olhos e bufava, e somente depois repetia devagar. Me deu vontade de mandá-la estudar para arranjar um emprego melhor, mas, acabei finalizando o contato com um "Obrigada, simpatia", cheio de ironia. As estações de trem da capital espanhola têm o mesmo rito dos aeroportos: é preciso colocar as malas e bolsas na esteira para que sejam analisada no raio X. Depois disso, fomos esperar nosso trem numa sala de embarque movimentada. Quando anunciaram a nossa condução, deu um certo burburinho. Não se fazia fila e nas três portas de acesso a plataforma de embarque, formou-se um bolo confuso de gente apressada. Brasileiramente, fomos com a multidão. Embarcamos num trem da Renfe, com relativo conforto. Enquanto Luiza cochilava, eu apreciava a vista através da janela do trem a 259 km/h. 
Eu, na Rambla Del Mar
Chegamos em Barcelona depois das 15 horas. Nos vimos em uma estação movimentada, repleta de gente de todos os lugares do mundo. Antes buscar uma saída, precisava ir ao banheiro. Luiza não quis ir, então, eu saquei da minha Bahia uma moeda de 1 Euro, conforme exigia a máquina na entrada. Contrariada, coloquei a moeda e saquei um pequeno ticket. O banheiro parecia um salão de beleza: muito limpo, construído no vidro leitoso verde e espelhos imensos a partir das bancadas de mármore, onde se alinhavam as pias. Nos gabinetes, uma bacia simples, um dispenser de papepl, um lixeiro. Nada de mais. Após o uso, quando fui tentar dar a descarga, havia três botões sobre a caixa acoplada ao vaso. Indecisa, apertei o primeiro, e a bacia deu várias xinringadas de água, se transformando em um eficiente bidê. Contendo as risadas, apertei o segundo. O acento da bacia rodou 360 graus e saiu um jato de  vapor e depois de ar quente. Esse bendito botão era o que eu deveria ter apertado antes de usar, pois era para higienizar o vaso. Orh! No último botão, deu-se a descarga, finalmente e eu sai dando risada da minha ignorância latino-americana.  
Monumento a Cristóvão Colombo na rotunda no final da Rambla e La Rambla Del Mar


Saindo da estação, preferimos tomar um táxi. Um jovem moreno adiantou-se da fila, e, sorridente abriu a bagageira para acomodar nossas malas. Luiza disse o endereço e lá fomos nós para La Rambla. Já havia visto num documentário na TV que esse pedaço de Barcelona é bem movimentado. Como há muitos Hosteis, arranjamos um bem em conta, administrado por imigrantes indianos. O percurso não era tão longo, pagamos 8 Euros pela "carrera". Deixamos nossas malas no Hostel e fomos em busca de comida, pois já chegava às 16 horas e andar com um "Ferreira" (a família de Tony) com fome é meio complicado. Almoçamos num dos muitos restaurantes da Rambla, experimentando dessa vez um restaurante Turco chamado Luna de Istambul. Resolvida a fome, fomos andando a Rambla para ver o que tinha no final.
Ancoradouro de Barceloneta
La Rambla del Mar não existia antes dos Jogos Olímpicos de 1992, realizado nesta cidade. Aliás, Barcelona só entrou para o trade turistico mundial como legado dos Jogos. Diferente do que aconteceu no Rio de Janeiro, a estrutura necessária aos jogos continua sendo bem utilizada. A Vila Olímpica é um dos bairros mais caros da cidade, que foi completamente revitalizada. La Rambla Del Mar é um cais de madeira que atravessa de uma ponta a outra da praia de Barceloneta, tendo um shopping no final. A quantidade de gente que circula nessas pontes é uma coisa impressionante. Do outro lado, vê-se o WTC de Barcelona, um hotel de alto luxo, bem ao lado do cais exclusivo onde aportam os gigantes navios de cruzeiro. Se em Madrid eu me encantei com a beleza das pessoas, em Barcelona a natureza e as construções são um prodígio de Deus e do homem. Aliadas a diversidade humana, com gente de todos os lugares do mundo, entre os voos rasantes nas gaivotas, tivemos um final de tarde memorável, apesar dos nosso relógios já apontarem as 21 horas. 



No outro dia, após um cafezinho na  pans, que pelo jeito há em todas as cidades desse país, fomos comprar nossos tickets para o ônibus de turismo, que nos levaria para conhecer a cidade. Optamos pegar a linha vermelha, depois saltar na outra praça lá no começo da Rambla e trocar para a linha azul, que nos levaria até o Park Güell, um empreendimento criado por Gaudi para ser um loteamento de alto poder aquisitivo. Porém, a ideia fracassou, segundo Luiza porque o negócio ficava no fim do mundo. E pense numa ladeira! O ônibus nos deixou numa parada e para chegarmos à portaria do Park, tivemos que subir uma ladeirinha básica parecida com aquelas de Olinda. Some-se ao sol escaldante das 12h e o fato de eu ter escolhido ir de sandálias. O sapato errado pode colocar a viagem a perder. Chegamos ao topo da ladeira, meio mortas e meio vivas, depois de nos perder e ser selvas por um velhinho que estava sentado à frente de sua casa. Quando íamos passando, o velho disse: "Ei! donde vás?" Voltei, cumprimentei e disse que íamos ao Park Guëll. O Velho, abanou a cabeça e disse: "No, no, no. No vás por cá. Cá só de colche. Vueltas y caminas hasta dos calles y sube. Alla arriba. és el Park." Impressionada com a disponibilidade das pessoas em ajudar, agradecemos muito e fizemos o que o Velho mandou.  Como já tínhamos comprado os tickets na internet, fomos direto à entrada e passamos para o Eixo Monumental do Park, um dos lugares mais lindos que já vi em minha vida. 


 

Na verdade, quase fomos barradas na porta, porque nossos ingressos diziam que deveríamos chegar às 10 horas e já passavam das 12. Explicamos que nos perdemos e que quase morremos para subir a ladeira a uma moça loura que pegou nossos tickets e pediu-nos para esperar. Em catalão e entre risos, ela falou com alguém na administração e fomos autorizadas a entrar. Agradecemos muito e fizemos nosso passeio por um parque lindo, cheio de esculturas e muitas surpresas. Escolhi visitar esse lugar por causa de dois clipes: "Irmã de Neon", do Djavan, que foi gravado justo nesse lugar onde Luiza está fazendo uma foto. O outro é "Amado", da Vanessa da Mata, em que ela aparece passeando nesse lugar onde Luiza está acima. 


Mercado Boqueria
Na sessão da tarde/noite fomos no mercado Boqueria e andamos o circuito vermelho inteiro, passando por La Pedreira e pela Casa Batló. Passamos também pela Igreja Sagrada Família na ida ao Park Guell, mas, não descemos. Fica para a próxima, do mesmo jeito que ficou o Campi Neu, pois visitar a casa do Barcelona sem Tony Neto é um traição imperdoável. 

No outro dia, após comprar as lembrancinhas, ainda demos mais uma volta na Rambla e nos despedimos de Barcelona, certas que iremos voltar tomamos o Aerobus na praça, ao pé do El Corte Inglés, e seguimos para o aeroporto onde pegamos um voo para Lisboa, nossa despedida da Europa.

Ficam os clipes que inspiraram nossa trip no Park Guell. Tenho absoluta certeza de que voltaremos a Barcelona, uma cidade mágica, como bem disse o Prof. Luis Pedro. Voltaremos muitas vezes. 





Fiquem com Deus.



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